«Vossa Excelência deseja pagar a continha agora ou mandamos a despesa para o Ministério, como de costume, hmm?»
Talvez não saibam que alguns ministros, desses que vão passando pelo Poder, acostumaram-se a aproveitar a hora de almoço ou do jantar para resolver assuntos importantes das suas áreas de governação. Bravo! Muito bem! - exclamará o leitor - Isso é que é trabalhar em prol do povo! Com efeito, assim parece, à primeira vista, mas sugiro que moderem o vosso entusiasmo. Isto porque esses almoços e jantares, opíparos, bem regados e comidos em bons (para não dizer excelentes) restaurantes custam os olhos da cara e quem paga a fatura dos mesmos, não é o Sr. Ministro... mas a tesouraria do respetivo ministério. O que, por outras palavras, quer dizer: quem paga é o Zé - somos nós. Essas horas extraordinárias de Sua Excelência ficam-nos, não se deixem enganar, por uma pipa de massa, porque, além da comida ser cara e os vinhos de uma qualquer colheita de 1960, as bocas são muitas. Come e bebe o Sr. Ministro, come e bebe o seu palaciano chefe de gabinete, come e bebe o Secretário de Estado ou diretor-geral, come e bebe a secretária boazona (escolhida a dedo para esse cargo tão nobre), comem e bebem os respetivos motoristas, pois essa pandilha não anda a pé nem de autocarro - anda de Mercedes, e é cada um com o seu. A intenção do Sr. Ministro - deixemo-nos de aldrabices - não é prolongar o seu tempo de trabalho; para isso bastar-lhe-ia chegar ao seu gabinete às nove da manhã e não por volta do meio-dia como tem por hábito fazer. Com esse golpe de teatro, consegue, isso sim, juntar às benesses que o cargo já lhe traz mais essa de comer e beber regaladamente e de borla, ser simpático e mãos largas para com os seus satélites e poupar à mulher a chatice (e a despesa) de lhe grelhar um bife. Além de que - e atenção porque isto é importante - a mesa de um bom restaurante é o lugar ideal para dar corpo às belas negociatas, com as garfadas a alimentarem o engenho e os copos a estimularem as decisões. É meio caminho andado, está bom de se ver. Mas será isto verdade? - interrogar-se-ão os mais incrédulos. Será possível que coisas destas se passem num estado de direito, em pleno regime democrático, protagonizadas por membros de governos legais e constitucionais? Sim, é. Mas já que entrámos no (sub)mundo das comesainas dos ministros, deixo para reflexão: Já pensaram que, só à vossa conta, já ofereceram pelo menos um arrebatador banquete a um Sr. Ministro, à esposa do Sr. Ministro e à amante do Sr. Ministro? Já pensaram quantas toneladas de lagosta e rosbife, quantos hectolitros de bons vinhos, whiskies e cognaques essa malta tem comido e bebido à vossa custa? E já vos ocorreu que diariamente enquanto grelham um bitoque, há um governante que se empazina com trutas ou caril de gambas pagas com a massa que veio buscar à vossa algibeira? Macacos me mordam, é demais! E, para cúmulo, além de vos chularem, nem sequer agradecem no fim: Arrotam-vos em cima...
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Cuidado com os teleféricos.
5 comentários:
Também sei de empresas que fazem isso... mas como tu referes e bem, não estamos de falar de trocos, estamos a falar muitas vezes de jantares de 4 dígitos! Lamentável, que existem pessoas que nem isso recebem de ordenado! Nem uma casa, por vezes!
Beijoooo*****
Não sabia que isso acontecia. É uma coisa mesmo ridícula :O
Claro que depois isto está como está --'
E o problema é que muitos dos negócios feitos nada tem a ver com politica mas sim com o proveito próprio...
Que irritação!
Eu conto os tostões à pala destes gajos!
Tu és bom!
Não me digas que devia de ter escrito: "à" em vez de "há"?! :O
Estou razoável e tu, tranquilo como o esquilo?
É a mais puras das verdades. E nós, fazemos o quê contra isso?
Quanto aos almoços bem regados, se calhar é por isso que tomam as decisões que tomam. O álcool não brinca!
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