Vou eu ... ou vais tu?
sexta-feira, outubro 03, 2008
15h05 - Tarde soalheira e ventosa.
Ao longe.. uma paragem de autocarro deserta. Chego. Sento-me. Passaram 2 minutos e 12 segundos até que.. vindo do nada; um casal (romântico) de idosos apareceu - com intenção clara de me estragar o dia. Com a cortesia - que me é reconhecida - brindei-os. «Boas tardes meus senhores». Houve de imediato uma - como hei de dizer? - química, reciprocidade. De forma igualmente cordial, cumprimentaram-me. Mais 4 minutos e lá vinha ele. 123 - Cacilhas. E é exactamente aqui que o problema começa.
«Não não, entre..»
«Eu faço questão meu senhor, pode passar»
«Mas você estava primeiro, entre»
(silêncio)
(silêncio)
«Já lhe disse para entrar você»
«Você não é mais teimoso que eu...entre vá»
1 minuto e 13 segundos depois o autocarro arrancava.
O eléctrico chegou. «Aleluia» - sussurrei. O eléctrico parou. [...] olhei para trás e vi outro casal idoso. As portas abriram-se. O pânico apoderou-se de mim. «E agora? Que berbicacho!». - pensei. Sem hesitações, sem embaraço, sem pensar duas vezes avancei. «Venceste miúdo! Conseguiste ultrapassar as tormentas!» - pensei, feliz.
«A palavra gentileza.. não lhe diz nada não?» - parodia um dos idosos. passando por mim. Todos os meus sentidos entram em alerta vermelho. Ódio, repulsa, malevolência.. «maldito sejas velhote! Como te atreves?» - pensei.
E continuo perturbado. Com mil raios, este mundo não é justo.
Vamos acabar com este flagelo.
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Cuidado com os teleféricos.
5 comentários:
É o que ganhas em querer ser cavalheiro...
Sim, tens razão. Mas os dias do cavalheirismo exacerbado chegaram ao fim. Foi a gota d'água.
Bem vinda sejas.
Realmente, essa coisa da cortesia e tal é complicada. Um dia sentei.me num daqueles bancos de autocarro vermelhos (para grávidas, idosos, doentes, pessoas com crianças de colo e afins) e dei conta de que a cor diferente servia para assinalar isso mesmo. Conclusão: senti.me imensamente culpada. Contudo, voltei a sentar.me, numa outra ocasião, desafiando a culpa que se apoderava de mim. Raios! Não consegui mais. Hoje em dia, passo as viagens de autocarro (em pé) a olhar para os bancos vermelhos vazios e a imaginar o tão mais confortável que seria a minha viagem se tivesse uma perna partida ou um puto na barriga...
Ahahah, Adorei.
Epah, devo dizer-te qe já me aconteceu algo parecido, não estás sozinho ;)
Ah e devo dizer-te, 123 é precisamente o meu autocarro, brilhante ivan, que coincidencia estrondosa x)
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