A Caneta

«Zé ... ó Zé! Pssst! Tens uma caneta azul que me emprestes? Rais'ta parta, és sempre a mesma treta. Jo... Joana tens uma caneta a mais? Pode ser azul. Obrigado!»

E pronto, a minha vida resume-se a isto. Passaram-se dezanove anos e devo ter comprado - sem exagero - sete mil Uni-ball Eye Roller, as quais foram sendo adicionadas ao meu espólio privado de recordações. Não, não é erro. Digo e repito: espólio de recordações. É desolador perceber que das sete mil canetas, usei duas (se tanto) até ao fim. E agora pergunto eu: Onde raio estão as outras? Tudo bem que.. quando afasto o frigorífico encontro umas quatro ou cinco, mas essas não contam. Para onde vão elas? Já dei comigo a pensar numa conspiração ou retirada estratégica de canetas. Haverá algum fundo de verdade nisto? Talvez use força a mais quando escrevo. Talvez seja só falta de vista. Não sei. Parece que já estou a vê-las. Um exército inteiro de canetas a bater em retirada. E lá vão elas em fila indiana rumo a parte incerta. Voltem suas desgraçadas! Sou eu, o vosso dono. Vocês pertencem-me! E é aqui e agora que peço a ajuda de todos. Façam um donativo. Ajudem-me a construir um Mundo livre de injustiças. Um Mundo em que as canetas são fiéis aos seus proprietários. Melhores dias virão...
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Porque Seinfeld is Life.