O Lixo

«Ai, nâ diga isso Dona Rosa! Por amor de Deus! O Socras vai mudar isto, oiça o que lhe estou dizendo. Você vai ver se nâ tenho razão, ele já disse que vai mudar munta coisa. Oh, vai acabar c'o lixo, vai acabar c'a insegurancia e vai ...»

Ao contrário do que possam pensar, eu gosto muito do meu país. Gosto de Portugal porque é um país desinteressante aos olhos do mundo, porque é valioso e neutro. O meu país não se mete em confusões, não aparece nas notícias, não tem bombistas suicidas e inimigos nem vê-los. Portugal é o país do: «no meio é que está a virtude», nem muito luzente nem muito indolente; Temos um clima fantástico, um património histórico muito singular, somos tranquilos, calmos, pacíficos, gente de bons costumes, hospitaleiros... em suma somos um país confortável. Mas nem tudo são rosas, sabem? Apesar de ser um entusiasta, um tipo que se orgulha da valia endógena do seu país, sou também uma pessoa amargurada. Portugal é como aqueles jogadores de futebol que passam ao lado de uma grande carreira. Uns dizem que a culpa é do treinador que não lhe deu oportunidades, outros argumentam que a culpa é de uma lesão antiga que deixou mazelas, há ainda quem alegue que a culpa é do presidente que rejeitou uma proposta milionária pelos seus préstimos - vejam só. Pois bem, este país está a um pequeno passo de se tornar no melhor país do mundo - digo-vos eu. Curiosos? Temos demasiado lixo - é esse o problema, é esse o obstáculo que nos falta ultrapassar. Já não posso com tanto lixo. Mandasse eu nisto, senhoras e senhores, e podem ter a certeza que acabava com esta praga! Quero ver lixeiros qualificados, brigadas anti-lixo por toda a parte, camiões de lixo novos em folha. Estamos atulhados de lixo até aos cabelos. Que se faça a limpeza de balneário. Toca a varrer! Varrer, varrer, varrer...
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Cuidado com os teleféricos.