«Zé Tó.. estás à espera de quê? Tens nove anos, tens que ir trabalhar! Não te posso sustentar até aos vinte, o que raio pensas que sou? Uma máquina de fazer dinheiro? Casa lá com uma mulher decente e vai à tua vida.. vá mexe esse rabo!»
A grande maioria das pessoas, não é segredo para ninguém, tem medo de envelhecer. As causas são as mais diversas: doença, invalidez, dependência de outrem, o cansaço, a humilhação, as rugas, o regredir à infância e logicamente a morte; Este medo, mais difuso, é inerente à condição humana e, portanto, não há controlo sobre ele. Consciente ou inconscientemente sabemos que vamos envelhecer e passar por tudo o que daí advém. Em traços gerais a esperança média de vida de um homem é, actualmente, de setenta e cinco anos aproximadamente (75,1) um número muito baixo quando comparado com o das mulheres - oitenta e um (80,9). E agora pergunto eu: "Será isso necessariamente bom ou... mau?"
Claro que é muito bom! Eu quero viver até aos 423 anos! Longevidade acima de tudo! - dir-me-ão alguns.
Valerá mesmo a pena vivermos tanto tempo se a nossa vida se torna tão degradante e vazia? Valerá? - dir-me-ão outros. Pois bem, façam a trouxa (uma ou duas mudas de roupa será suficiente) e levem merenda porque vamos fazer uma viagem ao passado. Porquê? Vamos procurar a resposta para este enigma. No século XVII, a esperança média de vida era, grosso modo, para ambos os sexos de trinta anos. Más colheitas em consequência de condições climatéricas adversas, doenças/surtos, guerras, medicina atrasada e rudimentar.. uma complicação danada fiquem sabendo. Assim, proponho que façamos uma analogia muito simples: se reportármos esta média (30) aos dias de hoje: aos cinco anos concluiríamos o ensino secundário, aos seis teríamos a carta de condução, aos dez anos estaríamos de casamento marcado, aos quinze claro.. o divórcio, aos dezanove receberíamos a nossa primeira bengala, aos vinte e dois anos os netos começavam a aparecer pela casa.. e a partir dos vinte oito, se tudo estivesse bem, as pessoas diriam:
Impressionante! Que valentia, olha a força de viver daquele tipo. Tem vinte e oito anos, mas contínua tão lúcido e activo. Parece que tem uns oito anitos o coitado. No cômputo geral as coisas mudaram para melhor, é verdade. Mas até que ponto é funcional viver tanto tempo? Até que ponto é possível ter uma qualidade de vida aceitável em idades mais avançadas? Não sei, não sei mesmo. Há casos e casos, vidas e vidas, modos e mais modos de pensar. Há males que vêm por bem mas, meus amigos, haverá sempre bens que vêm por...
_______________________Cuidado com os teleféricos.
16 comentários:
adorei o post, tens imenso jeito para escrever e um blog bastante interessante *
Nunca nos poderemos esquecer que as nossas células têm uma longevidade limitada. Mas ainda bem que a esperança média de vida está nos 70/80, e não nos 30. É bom ter tempo para viver...*
De facto é um assunto interessante. O conceito de viver é subjectivo quando a partir de certa idade surgem as limitações físicas ou psicológicas para tal. Eu quero viver o mais possível com qualidade de vida e condições para isso. Mas confesso que envelhecer assusta-me, a possibilidade de ficar debilitada ainda não é bem uma realidade para mim.
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Pois...eu sou mais apologista do "dar vida aos minutos" que do "dar minutos à vida"...obviamente que ninguém quer morrer, querem estar por cá o mais tempo possível, mas por vezes isso nem sempre é sinal de vida...:)
bjitos
Sabes, acho que depende sempre da vontade de cada pessoa para viver. Para uma pessoa com uma vida monótona, que se queixa e pensa mal de tudo na sua vida, com certeza q viver ate aos 80 anos não vale a pena. No entanto, se a pessoa gostar de viver, querer fazer e experimentar tudo o que pode, querer ser feliz, tenho a certeza que mesmo 80 anos é pouco tempo...
Beijos*
De um modo muito subjectivo, justifico a vida humana apenas por um objectivo: Sabedoria ou Conhecimento. Penso que uma das mais valias de se viver é por se poder ir à descoberta do mundo, as viagens! Vivam a vida toda para poderem viajar e conhecer, conhecer e conhecer, aspirar o mundo. Depois disso poder parar um pouco e pensar sobre tudo isto, chegar a uma ou duas conclusões, e assim morrer felizes. De uma forma ou de outra, acho que a vida é a melhor coisa que poderemos ter, e não me importava mesmo nada de viver até aos 423 anos, mesmo nao sabendo o que está depois da morte, sendo que está algo! E oitenta e um anos de repente parecem-me tão pouco... =D *
Não sei até que ponto essa esperança de vida está actualizada. Hoje em dia vemos pessoas consideradas pelos populares como: novas com as suas vidas a serem "levadas".. O que importa é aproveitarmos o tempo que cá estamos, e quem nos dera a nós se tivessemos a possibilidade de a vivermos sempre com dignidade! Oxalá que assim seja! We all hope so!
beijo
Pensar até quando é que posso viver ou quanto tempo é que me falta deixou de me ocupar tempo há precisamente um ano atrás, aprendi (à força) a saborear cada segundo, a VIVER e não a SOBREVIVER!
Bom texto Ivan, um beijinho *
Escreve de facto, muito bem, mas seguir-te-ia nas reticencias finais...
ha bom e mau, é melhor a qualidade de vida do que os anos vividos. E quantos existem e nao vivem?
Hugs
"Aos quinze claro.. o divórcio" =P
Adorei este post.
Mesmo com a crise, a criminalidade, as guerras e todas as outras m*rdas que marcam a actualidade (e ainda a escorregar no meio da cidade xD), fico feliz por viver no séc. XXI.
Ao menos hei-de viver mais tempo. Vá até aos 150 (e estou a pedir pouco) :P
"Pois bem, façam a trouxa (uma ou duas mudas de roupa será suficiente)" --» Tá feita LOL
Gostei muito do post, deixa-m dizer que tens um blog muito interessante :)
Eu não faço a minima ideia se vou viver muito ou pouco tempo, como, onde... mas sei porquê.
Vida só temos uma, e apesar da longevidade actual, é bastante curta, e ainda tenho muitos sonhos para concretizar! Viva la vida :D
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tens um desafio no meu blog :) *
Não é a quantidade, mas a qualidade que vale neste caso,=)
Parte da qualidade de vida que teremos daqui a uns anos é definida agora.
No meu caso, acho que a coisa vai dar para o torto...
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Adorei este post.
Eu nem me imagino daqui a um ano quanto mais aos 423 anos :p
Continua com a boa escrita, rapaz!
Beijo :)
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