Uma Questão de Democracia

sábado, abril 24, 2010

«O que parecia sonho converte-se em realidade...»

Salazar, homem de dois sentidos, cem por cento antagónicos, foi responsável, quer queiramos quer não, por um capítulo importante da História de Portugal. De nada vale escamotear a realidade: com Salazar as finanças do país sanearam-se, a vida dita regrada do Estado permitiu a solidez da moeda, a disciplina e o rigor da administração garantiram o ressurgimento da economia. Como é facilmente perceptível, Salazar divide opiniões e o seu nome aterra, em pleno século XXI, em conversas, debates e demais fóruns de discussão. No momento em que surge Salazar, Portugal era um país fragilizado e em crise, débil e sem solução à vista. Com a chegada do "Salvador da Pátria" o país movimentou-se: abriram-se novas escolas, criaram-se estradas, portos, pontes, erigiram-se todo o tipo de edifícios - tudo para que "os portugueses pudessem tirar o maior partido do seu trabalho e aspirar a uma vida melhor". Contudo esta visão idílica do 'modus operandi' do regime, que fazia de Portugal um país de projecção internacional, abafava uma verdade temerosa: os seus ideais, o espírito de missão incutido no povo português levou-o à miséria, ao desmembramento e ruína de todo um povo. Anos mais tarde, "o redentor de Portugal", que durante trinta longos anos se serviu da obstinação, oportunismo, ousadia, crueldade, desprezo e despotismo sofreu um acidente que viria a mudar o curso da História. Nas palavras de Miguel Torga: "acabou um reinado, uma época". O Homem que odiava sonhadores, por considerar que estes corrompiam a realidade cai sendo, desse modo, afastado de um pedestal que ocupava há anos. Pouco tempo depois o regime - que fez da trilogia "Deus, Pátria e Família" o seu insigne hino - tomba e é dado um importante passo rumo à democratização do país. Mas será que, numa altura em que se celebram os trinta e seis anos do 25 de Abril, nos podemos considerar um país livre? Que o diga José Manuel Coelho, deputado do PND-M, que foi impedido de circular na via pública, mesmo gozando do privilégio de ter um cartão de livre trânsito (uma clara violação ao estatuto do deputado). Podem ler toda a história aqui: Política Pura e Dura. Importa também dizer que o referido deputado, num acto de protesto, aceita vender o seu cartão de deputado: Aqui e aqui.

«... por um Portugal Livre. 25 de Abril, SEMPRE!»
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Cuidado com os teleféricos.

6 comentários:

Lane Ferreira disse...

Vou ser sincera.. não conheço muito bem a história de Portugal..
mas sei que ele divide opniões até hj.. mas se pensarmos bem todos os politicos tem esse poder!!
ninguém consegue ter a preferencia absoluta.. mas como todo ditador só erra por oprimir os outros!!
bjinhos

ritinha disse...

a verdade é que até podes ter a liberdade de dizer o que pensas, mas ainda falta a liberdade de as pessoas aceitarem o que tu pensas, as tua opiniões !
Toda gente quer liberdade, mas no fundo não sabem sequer aceita-la ..

Kika disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Kika disse...

A Liberdade é uma matéria difícil.
(Porque) Eu adoro a minha liberdade... Mas será que gosto que tu usufruas da tua???
É complicado lidar com a(s) Liberdade(s). Mais complicado (ainda) é sabermos distinguir Liberdade de Libertinagem.

Olha que se muito boa gente lesse o que escreveste eras um Homem morto ahahah

Cuca disse...

Tema interessante mas ainda tabu para muita gente. Tabu porque há pessoas que não expõem as suas convicções com receio de não serem bem aceites pelos outros mas como eu não tenho esse receio confesso que não festejo o 25 de Abril porque os seus ideais nunca foram colocados em prática. Ou será que foram e eu não dei por nada?

AL disse...

a liberdade (e parece q tirei a noite para te vir aqui inundar o espaço, Ivan..:)) dá uma trabalheira, isso sim! é q ser livre vai muito além de fazer/dizer o q nos apetece!

ser livre implica escolhas, decisões, e aguentar as respectivas consequências..

ser livre é sê-lo, também, de qq tipo de dependência - e aí, quantos de nós se podem gabar de o conseguir? desde logo, eu não! e não acabamos por ser todos escravos? de um vício, de um 'gadget' (tlm, par example..) - e bla, bla, bla..
mas de facto, a dependência, seja até de uma pessoa, é em tudo contrária ao ideal de liberdade, ñ concordam?

ora por exemplo, Ivan: escolheste pôr ali o hitler e recomendaste a leitura do seu livro. a liberdade dessa tua decisão (e logo essa, tão ou mais polémica do que a 'herança' do salazar) acarreta vários riscos (q tu, obviamente, aceitaste, escolheste..), desde logo a incompreensão - por parte de quem te conhece, te admira pelo que escreves .. eu, entre muitos outros. e até gostava de entender: sugeres 2 leituras - e uma delas é o mein kampf? ñ queres dizer porquê?
o chomsky só ñ foi uma surpresa (e a Tê-lo sido, seria agradabilíssima!), precisamente porque 'encaixa' na ideia q faço de ti. o hitler não.
e 'voilà', chega de conversa fiada!

sei, a minha 'liberdade' de deixar aqui este discurso terá, talvez, consequências, se vocês usarem a vossa liberdade no sentido de o lerem - complicado mesmo, isto da liberdade, não?

a propósito, leram o 'brave new world', do aldous huxley? mto a ver com este tema, acho.. recomendo.

bjinho!:)

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